O departamento de dramaturgia do SBT está em busca da substituta de A Infância de Romeu e Julieta. Informações do colunista Flavio Ricco, do portal R7, indicam que o canal de Silvio Santos pode recorrer a O Diário de Daniela (1998). O folhetim da mexicana Televisa foi exibido por aqui em 2000 e 2007.
‘Diário’ pode representar a volta da emissora às adaptações de textos importados, após três obras criadas por Iris Abravanel e equipe – As Aventuras de Poliana (2018), Poliana Moça (2021) e ‘Romeu e Julieta’. O site Duh Secco lista abaixo outros cinco títulos de sucesso no México e no Brasil que merecem remake.
Chispita (1982)
A órfã Isabel (Lucero) é acolhida por Alexandre (Enrique Lizalde), milionário que busca companhia para a sua caçula, Lili (Usi Velasco). Abalada pela morte da mãe, Lili resiste à aproximação da irmã adotiva. Isabel, por sua vez, prefere o orfanato onde ganhou o apelido de Chispita – “brilhante” em tradução literal. Ainda, o drama de Lúcia (Angélica Aragón), que trabalha na instituição como cozinheira, desmemoriada desde o acidente que matou o seu marido e fez desaparecer a bebê do casal.
Criação do argentino Abel Santa Cruz, também autor dos argumentos das já adaptadas Carrossel (1989 – 2012) e Carinha de Anjo (2000 – 2016), Chispita estreou no Brasil em 1984 e se tornou um dos maiores êxitos da Televisa por aqui. A audiência reagiu comovida à relação de Isabel e Lúcia, mãe e filha que desconheciam tal laço. O SBT reapresentou a trama em três ocasiões e exibiu a segunda versão, Luz Clarita (1996), entre as temporadas 1998 e 1999 de Chiquititas.
Vovô e Eu (1992)
Daniel (Gael García Bernal) vive nas ruas com o seu cão, Anselmo, desde a morte da mãe. Já Alexandra (Ludwika Paleta), de boa condição financeira, lida com a indiferença dos pais, em crise conjugal. Os pequenos encontram apoio em Joaquim (Jorge Martínez de Hoyos), velho solitário às voltas com as lembranças do trabalho como músico e da família que se esfacelou graças à intransigência dele. Com o passar do tempo, Joaquim descobre que Daniel é seu neto.
Vovô e Eu difere de outras novelas mexicanas para crianças por conta do protagonismo entregue para um garoto e um idoso. Aliás, numa eventual adaptação do SBT, Joaquim pode suscitar várias discussões sobre a terceira idade, contemplando essa fatia de audiência, bastante afeita à TV aberta. Cabe lembrar que as agruras de Daniel e do avô foram atualizadas pela própria Televisa em Poucas, Poucas Pulgas (2003), também transmitida por aqui.
Gotinha de Amor (1998)
Belinha (Andrea Lagunes) foge do orfanato onde passou boa parte de sua vida após a morte da inspetora que a protegia dos desmandos da diretora Justa (María Clara Zurita). A menina é acolhida pelo camelô Jesus (Alex Ibarra), que, amparado pelos vizinhos, decide adotá-la. Enquanto isso, Maria Fernanda (Laura Flores) busca pela criança que lhe foi tirada dos braços logo que nasceu. Mesmo apaixonada por Jesus, Maria Fernanda decide enfrentá-lo na Justiça ao descobrir que ele tem a guarda da filha dela, Belinha.
O argumento de Gotinha de Amor é do brasileiro Raimundo Lopes. O original, batizado Pingo de Gente, foi exibido pela Record em 1971. Na época, todas as emissoras de TV apostavam no gênero, embaladas pelo êxito de A Pequena Órfã (1968, Excelsior). A primeira adaptação da Televisa se deu em 1978. A obra de 1998 serviu para que o SBT entregasse em definitivo o horário da primeira versão nacional de Chiquititas às produções infanto-juvenis mexicanas, em 2001.
Amigos Para Sempre (2000)
O colégio dirigido por Júlia (Carmen Montejo) abriga as confusões de Ana (Belinda) e Pedro (Martín Ricca). Ana, criada pela avó Júlia desde a morte da mãe, enfrenta a hostilidade do pai, Francisco (Odiseo Bichir). Pedro auxilia a prima a lidar com tal situação e também influencia o pai adotivo, Salvador (Ernesto Laguardia), a se acertar com a bibliotecária Melissa (Adriana Fonseca) e assumir o comando da escola, impedindo Francisco de surrupiar o patrimônio da família.
Amigos Para Sempre foi transmitida pelo SBT em 2001, às 17h. O horário atípico, no intervalo entre duas tramas adultas – Coração Selvagem (1993) e Rosalinda (1999) –, talvez explique a baixa audiência da obra no Brasil. O enredo, assim como Carrossel, explorou consideravelmente o ambiente escolar. ‘Amigos’ também promoveu a inclusão de pessoas com síndrome de Down, através do ator Pablo Tableros, o Carlinhos.
Meu Coração é Teu (2014)
Em crise financeira, a dançarina Ana (Silvia Navarro) aceita se apresentar em um bar de reputação questionável, digamos. Ela também topa o emprego de babá dos filhos de Fernando (Jorge Salinas). Embora pouco instruída, Ana dá conta do trabalho, tratando as crianças e os adolescentes com respeito e carinho. Com o tempo, Ana e Fernando se descobrem apaixonados. E a protagonista, além de administrar a vida dupla, tem de enfrentar Isabela (Mayrín Villanueva), a noiva oportunista dele.
Meu Coração é Teu traz elementos de A Noviça Rebelde (1965), clássico do cinema revisitado em inúmeras produções para pequenos. A novela cabe perfeitamente na faixa que abriga A Infância de Romeu e Julieta; além da afinidade com o público-alvo do horário, o texto é interessante o suficiente para captar a atenção dos adultos. O único ponto contra envolve as passagens recentes pela sessão Novelas da Tarde, em 2016 e 2019, ambas com boa audiência.
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