Corpo a Corpo ganha reprise no Canal Viva; “novela do diabo” irritou censura

Trama será reapresentada na TV Paga a partir de 24 de junho

Debora Duarte (Eloá) e Antonio Fagundes (Osmar) em Corpo a Corpo (Divulgação / Globo)

Gilberto Braga criou grandes sucessos da TV, como Dancin’ Days (1978), Vale Tudo (1988) e Celebridade (2003). Contudo, um dos trabalhos preferidos do autor, Corpo a Corpo (1984), é pouco lembrado pelo público.

Tal situação deve mudar a partir de 24 de junho, quando o Canal Viva resgata a trama no horário hoje ocupado por Direito de Amar (1987) – 14h40, com reapresentação à 1h e nas madrugadas de domingo para segunda-feira.

O folhetim estrelado por Debora Duarte e Antonio Fagundes apostou na figura do diabo, personificado pelo misterioso Raul (Flávio Galvão), irritando a censura, que não entendia a ideia de Gilberto.

Preocupação com o pacto

Na novela, Eloá (Debora Duarte), que deseja subir na vida, aceita fazer um pacto com o capeta, apresentado como Raul Monteiro. A executiva cresce profissionalmente, se tornando um dos grandes nomes da empresa em que trabalha, a Fraga Dantas.

Todo o imbróglio levou a censura federal a questionar a Globo sobre a presença do demônio na trama.

Segundo o livro Gilberto Braga – O Balzac da Globo, escrito por Artur Xexéo e Mauricio Stycer, a censura queria mais detalhes sobre os “fenômenos sobrenaturais”, por conta da preocupação com o “dano eminente à formação psíquica” do público infantil.

A resposta da emissora era que todo o “papo do coisa ruim” não passava de um golpe.

A farsa desvendada

Na verdade, Eloá era apenas uma marionete nas mãos de um grupo que queria se apoderar da empresa na qual ela trabalhava. Perturbada, a executiva cedia às investidas dos interessados em tomar o negócio e sucumbia à crise no casamento com Osmar, objeto de desejo de Tereza (Glória Menezes), uma das envolvidas no plano.

O público, contudo, seguiu em dúvida até o fim. Raul, dado como morto durante a narrativa, era um impostor ou o próprio diabo? O enredo mostrava a genialidade de Braga.

No livro Autores, Histórias da Teledramaturgia, Gilberto Braga afirmou que Corpo a Corpo era a sua criação preferida e que não entendia o motivo dela ter sido esquecida.

“Sempre pensei ‘Por que falam de ‘Dancin’ Days’ e ‘Água Viva’ quando citam meus sucessos e não falam de ‘Corpo a Corpo’?’ Era uma novela extremamente bem-feita, com uma trama bem armada, baseada em histórias de ascensão social e vingança (…) Até hoje é muito elogiada por escritores [de novelas]”.

Escrito por Fabio Marckezini

Fabio Marckezini é jornalista e escreve sobre televisão desde 2017. No YouTube, ele resgata a história da televisão por meio de seu canal, o Arquivo Marckezini.

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