Em janeiro, o Globoplay lançou o Projeto Fragmentos, que disponibiliza novelas incompletas dos anos 1970 e 1980. Títulos como O Rebu (1974), Estúpido Cupido (1976), Chega Mais (1980), Coração Alado (1980), Sol de Verão (1982) e Os Gigantes (1979) já estão presentes na plataforma de streaming.
Fãs e especialistas comemoraram a oferta de tais tramas, apesar dos poucos capítulos preservados. Desde então, muito foi falado sobre a possibilidade da Globo resgatar obras censuradas pela ditadura militar – Roque Santeiro (1975) e Despedida de Casado (1977).
Infelizmente, essas produções não fazem parte dos planos do projeto. Em matéria de Vitor Antunes para o site Heloísa Tolipan, o Globoplay afirmou que vai disponibilizar apenas folhetins que foram ao ar.
Censuradas no arquivo
A expectativa era grande sobre Roque Santeiro e Despedida de Casado, barradas pela censura do regime militar às vésperas dos respectivos lançamentos.
As novelas tiveram poucos capítulos gravados. Nada foi exibido, exceto trechos em matérias jornalísticas e especiais sobre a dramaturgia da casa.
“Os projetos Fragmentos e Resgate preveem a publicação de novelas que foram exibidas pela Globo e que têm capítulos preservados no acervo. As duas novelas não estão previstas nos projetos”, decretou a plataforma de streaming em nota.
Ditadura de costumes
A Globo exibiu algumas cenas da primeira versão de Roque Santeiro quando a televisão brasileira completou 50 anos, em 2000. A censura da trama de Dias Gomes, criada para o horário das oito, causou um caos na emissora, que, sem saída, recorreu a um compacto de Selva de Pedra (1972). Janete Clair então criou Pecado Capital utilizando o elenco da produção vetada.
Em 1985, com a retomada da democracia, o departamento de dramaturgia pode, enfim, levar Roque Santeiro ao ar, com outro elenco e o apoio de Aguinaldo Silva no roteiro.
Já Despedida de Casado, escrita por Walter George Durst, destacava um psicanalista que tratava quatro casais em crise conjugal. Na época, a lei do divórcio ainda não existia no Brasil. Para os censores, a novela mostrava apenas o lado negativo do matrimônio. Com o cancelamento, praticamente todo o elenco foi reaproveitado em Nina, também desenvolvida por Durst.
O Projeto Fragmentos, cabe lembrar, contempla 28 folhetins da Globo que possuem de 2 a 20 capítulos preservados.
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