A Globo escolheu o Vídeo Show para abrir a comemoração de seus 60 anos. Nada mais natural, já que o programa foi, por quase 36 anos, a vitrine das atrações da casa. O especial impactou o público com matérias de bastidores e quadros icônicos. Por outro lado, expôs o motivo pelo qual o ‘VS’ chegou ao fim: a tentativa de emular na TV o que é consumido na internet.
A audiência global se acostumou a acompanhar o que acontecia por trás das câmeras através do Vídeo Show. As primeiras tomadas de uma novela, as caras novas, as amizades nascidas no set, os erros de gravação e os festejos do último capítulo passavam pelo programa, que também explorava as muitas jornadas dos artistas, no teatro, no cinema e em shows.
Além de enaltecer o que estava no ar, o ‘VS’ resgatava imagens e nomes que fizeram a história da Globo. No fundo, a exaltação reforçava o “poder” da emissora. Qualquer similar nas concorrentes flopava, justamente pela incapacidade delas de produzir tanto e tão bem. Digamos que, na Globo, era possível fazer chover com um estalar de dedos. O Vídeo Show mostrava como.
O começo do fim
Com o avanço da internet, a “magia” passou a ser desvendada em posts, Stories e matérias do Gshow. A atração perdeu a relevância quando voltou o olhar mais para fora do que para dentro.
O Vídeo Show buscou reproduzir na TV o que fazia sucesso na web – contrariando a ordem natural das coisas, já que as redes sociais, desde aquele tempo, investem na repercussão da TV aberta, o meio de comunicação mais relevante do país. As apostas no humor, pouco inspiradas, também afetaram.
Não foi diferente ontem. O Falha Nossa, talvez o quadro mais famoso do programa, padeceu com a falta de graça do “react” de Ed Gama, comum em vídeos nas redes – a locução de Ricardo Gonçalves e Renata Xavier era mais espirituosa. Aliás, as gafes e os deslizes dos famosos também ganharam comentários de Marcos Mion, mais adequados num tributo ao Piores Clipes do Mundo, que lançou tal formato. O improviso de comediantes remeteu a recortes mal feitos de stand-up comedy. Os influencers pouco acrescentaram.
Vídeo Show em sua melhor forma
A edição especial acertou na tradição, como os compilados de cenas sobre um mesmo tema, muito bem editados. Também a visita de Paulo Vieira a diferentes setores dos Estúdios Globo, celebrando o “chão de fábrica”, e os bastidores do encontro de vilãs, que será exibido na próxima segunda-feira (28), dentro do Show 60 anos. O papo com os jornalistas, embora extenso, reavivou memórias das ótimas entrevistas com profissionais de TV na intimidade. Outro “react”, o de Angélica e André Marques às aberturas e sequências que reproduziram, provou que o humor funciona no ‘VS’ quando segue uma linguagem própria, afinada à matéria-prima da atração.
O Vídeo Show ainda é necessário à Globo, mesmo que muito de seu conteúdo esteja diluído em outras tantas atrações da casa. O programa é um reforço positivo do que é produzido na emissora e de quem produz.
Há um infinito de possibilidades capaz de fazê-lo relevante outra vez – antecipar contratações, reformulações e informações das próximas novelas, por exemplo. Que a Globo avalie a retomada com carinho e que o programa, desde que fiel à sua fórmula, possa documentar os próximos 60 anos…
Audiência
O Vídeo Show, no ar nesta quinta (24), logo após Vale Tudo, aumentou em 2 pontos (+18%) de audiência e 6 pontos de participação a média da faixa no comparativo com as quatro quintas imediatamente anteriores. Foram 13 pontos de audiência e 31% de participação.
No Rio de Janeiro, o especial rendeu um aumento de 3 pontos (+21%) de audiência e 7 pontos de participação na média da faixa, considerando as quatro quintas anteriores, com 17 pontos de audiência e 38% de participação.
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