O que o Viva a Noite pode ensinar a outras atrações do SBT

Especial exibido na última sexta-feira (14) deixou gostinho de quero mais

João Augusto Liberato e Luis Ricardo no Viva a Noite (Rogerio Pallatta / SBT)

Na última sexta-feira (14), o SBT celebrou os 43 anos do Viva a Noite com um especial comandado por Luis Ricardo. A homenagem soou como teste. Afinal, comemorar o aniversário de um programa extinto há tempos, fora de uma data redonda, está longe de ser comum, mesmo para o canal das irmãs Abravanel. De qualquer forma, valeu a pena. A atração acertou em reverenciar o passado ao invés de tentar reeditá-lo, como o SBT tem feito há tempos, sem sucesso.

Ano passado, já sob a liderança de Daniela Abravanel, filha número 3 de Silvio Santos (1930-2024), a emissora buscou reformular quase toda a grade, apostando em formatos bem-sucedidos na concorrência, como policialescos. As apostas se revelaram, quase todas, frustradas. Daniela e os executivos que a cercam optaram, desde então, por remexer no baú, o que funciona, quase sempre muito bem, no dominical de Patricia Abravanel.

Até o momento, porém, a investida não deu em nada. O Aqui Agora costuma afundar a audiência das noites de segunda a sexta-feira. Na última semana, o jornalístico de Geraldo Luís e Dani Brandi passou por alterações de formato e horário, que não impactaram nos números.

O mesmo acontece com o Casos de Família, que voltou buscando emplacar memes, desconsiderando que conteúdos das versões anteriores viralizaram de forma orgânica. O SBT Repórter foi alocado às terças sem uma equipe de produção consistente, o que tem levado a reprises constantes. Ainda, o Porta dos Desesperados, quadro do infantil Oradukapeta (1987), de Sergio Mallandro, erroneamente convertido em programa solo.

Encontro direto com a audiência

O revival do Viva a Noite foi por outro caminho. A referência direta ao passado, dos elementos cenográficos aos quadros que fizeram o sucesso da atração de Gugu Liberato (1959-2019), foi mais assertiva do que qualquer investida em “reformulações”. A presença de convidados recorrentes da versão original potencializou a homenagem.

Bem conduzido por Luis Ricardo, o especial atingiu em cheio os espectadores acostumados a “ativos nostálgicos”. Nos últimos anos, estes têm sido explorados com frequência pela Globo – vide as edições dedicadas a décadas passadas do Altas Horas e as participações de nomes de peso na TV de outros tempos em quadros do Domingão com Huck.

Cabe lembrar que o público que domina a audiência televisiva hoje é o mesmo que acompanhou o Viva a Noite com Gugu. Os 50+ talvez expliquem o êxito do especial, diferente do que acontece com o Bom Dia & Cia, ancorado pelos palhaços Patati e Patatá. O infantil, que tem até endereço para envio de cartas, em plena era digital, não atinge a parca audiência infantil da televisão aberta.

Gostinho de quero mais

Da forma como foi conduzido na última sexta, o Viva a Noite merece ao menos uma temporada especial. Evidente que há ajustes a serem feitos. O longo concurso de sósias do Rambo, tipo imortalizado por Sylvester Stallone nos cinemas, serviu apenas para mostrar a desenvoltura de João Augusto Liberato. O herdeiro de Gugu pareceu muito mais à vontade do que em aparições anteriores no vídeo.

A escolha dos convidados também é fundamental para o programa. É válido reencontrar figuras como Sylvinho Blau-Blau, Luciano Nassyn e Gretchen, nomes que fizeram a música popularíssima brasileira, e saber o que fazem hoje. Também figuras recorrentes no período em que a atração reinava nas noites de sábado, casos da chacrete Rita Cadillac e da atriz e repórter Virgínia Nowicki.

Se o SBT voltar a revirar o baú, o Viva a Noite, certamente, poderá servir como norte. Não basta resgatar determinado título e tentar conferir a ele um novo formato. Ou buscar a mesma repercussão se não há verdade no conteúdo ou interesse de quem consome TV atualmente. Olhar para o passado envolve respeito pelo que foi construído e interesse em reverenciar o conteúdo sem traí-lo.

Escrito por Duh Secco

Sou apaixonado por TV e novelas desde a infância. Passei pelo blog Agora é Que São Eles e pelos sites Canal VIVA, RD1 e TV História. As análises, informações exclusivas e matérias sobre bastidores de produções do passado e do presente se estenderam às redes sociais. Agora, me dedico a um espaço próprio, sempre empenhado em levar o melhor do audiovisual aos que me acompanham.

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