Os remakes estão na moda! Nunca se falou tanto sobre o assunto como agora – ainda que a prática de regravar sucessos do passado seja recorrente desde os anos 1980. O site Duh Secco relembra cinco títulos que quase foram revistos, através da Globo e do SBT. Folhetins que, até hoje, esperam por atualizações…
A Fábrica
Em 1994, o SBT reativou o seu departamento de dramaturgia com Éramos Seis. A adaptação de Rubens Ewald Filho e Silvio de Abreu para o livro homônimo de Maria José Dupré foi produzida originalmente pela Tupi, em 1977.
A retomada do setor, no entanto, estava em pauta desde o ano anterior. Após engavetar a inédita Mariana, a Menina de Ouro – trama infanto-juvenil assinada por Flávio de Souza –, a emissora de Silvio Santos cogitou a releitura de A Fábrica (Tupi, 1971).
Ismael Fernandes foi encarregado de auxiliar Geraldo Vietri, também autor do original, na atualização. A intenção de ambos era dar um final feliz ao casal protagonista, Isabel e Fábio. Ela, responsável pela reconstrução da tecelagem da família, consumida por um incêndio; ele, operário e líder de movimentos grevistas. Na primeira versão, o público reagiu mal à separação definitiva dos dois, então defendidos por Aracy Balabanian e Juca de Oliveira. O projeto, porém, não foi adiante.
Vitória Bonelli
Após ‘Éramos’, o SBT reeditou As Pupilas do Senhor Reitor (Record, 1970) e Sangue do meu Sangue (Excelsior, 1969). Para a sequência, o canal pretendia contar com Vitória Bonelli (Tupi, 1972). No resgate, a saga da matriarca que, após anos enclausurada em sua mansão, abre uma cantina para salvar os quatro filhos da bancarrota foi transportada por Geraldo Vietri da década de 1970 para a segunda metade dos anos 1940, pós-Segunda Guerra Mundial.
“Já estamos trabalhando na sinopse, nas pesquisas de locações, figurino, arte. Queremos resgatar o lado romântico de São Paulo”, adiantou Nilton Travesso, diretor do Núcleo de Teledramaturgia da estação, à revista Contigo (01/08/1995).
Irene Ravache era cotada para a protagonista. Joana Fomm também foi relacionada para a produção. Ana Paula Arósio, lançada pela casa em Éramos Seis, idem.
‘Vitória’ acabou perdendo a vaga para Razão de Viver (1996), remake de Meus Filhos, Minha Vida (1984, SBT) com Irene, Joana e Ana Paula em papéis de destaque.
Como Salvar Meu Casamento
O êxito de Quatro por Quatro (1994) colocou Como Salvar Meu Casamento (1979, Tupi), primeira novela escrita por Carlos Lombardi, no radar da Globo. A rede encarregou o então contratado da atualização do roteiro, também desenvolvido por Edy Lima e Ney Marcondes. Na mesma época, o SBT manifestou interesse no folhetim, que, por conta da derrocada do emissora pioneira, ficou sem desfecho.
“No capítulo 174, a Tupi faliu. Íamos terminar no 200 e, apesar dos boatos de falência, resolvemos escrever um final. No momento, pensou-se em publicá-lo numa revista, mas achamos melhor guardar o mistério”, contou Lombardi ao jornal O Globo (19/11/1995).
‘Casamento’ acompanhava diversas relações amorosas, a partir do divórcio de Dorinha (Nicette Bruno) e Pedro (Adriano Reys). Ele deixa o lar por conta de uma mulher mais jovem, Branca (Elaine Cristina).
Enquanto Dorinha reúne forças para recomeçar, bem longe dos papéis de esposa e mãe, Pedro constata que ele e Branca não possuem afinidade o suficiente para sustentar a união.
Redenção
Os 596 capítulos de Redenção, exibidos entre 1966 e 1968, mobilizaram o público da Excelsior. O foco estava em Fernando Silveira (Francisco Cuoco), médico cuja capacidade era questionada pelos moradores da cidadezinha que dava nome ao enredo – até o transplante de coração realizado por ele em Dona Marocas (Maria Aparecida Baxter), antes mesmo do procedimento ser executado na “vida real”.
“Em 1991, vendi os direitos da novela por um valor baixo. Agora a Globo me pagou um preço justo”, relatou o novelista Raimundo Lopes ao jornal Folha de São Paulo (30/06/1996).
Em 1995, Walther Negrão foi designado para a adaptação. A ideia, conforme antecipado pelo jornal O Globo, era ter o texto pronto para o encaixe às seis ou às sete diante de uma eventualidade, como o encurtamento de uma trama ou a suspensão de outra. O site não encontrou informações sobre a entrega do projeto ao canal; a Folha indicou a produção da releitura em 1997, o que não aconteceu.
Os Inocentes
Detentora dos direitos das obras de Ivani Ribeiro, a Globo ensaiou reeditar Os Inocentes (Tupi, 1974) em duas ocasiões. A primeira com Margareth Boury e Tiago Santiago, supervisionados por Carlos Lombardi, em 2001. A ideia era treinar os então colaboradores, também encarregados da segunda versão de O Profeta (Tupi, 1977) – depois entregue a Elizabeth Jhin e Ângela Carneiro e, por fim, Duca Rachid e Thelma Guedes. A rede chegou a cogitar a junção das duas sinopses; Lombardi foi voto contra.
“‘O Profeta’ se passa em São Paulo, e, no remake, será ambientado no Rio. Já ‘Os Inocentes’ é uma história que, aos poucos, vai envolvendo todos os habitantes de uma cidade agrícola, que está morrendo economicamente. A ideia agora é fazê-la decadente por causa da falência de uma grande metalúrgica. Pensei em sugerir algum lugar na região de Bananal, entre São Paulo e Rio, onde há várias cidades que sofrem com problemas econômicos”, comentou Lombardi em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo (09/08/2001).
Em 2005, o próprio Carlos Lombardi foi convocado para repaginar Os Inocentes. Até hoje, no entanto, a narrativa voltada para Juliana (Cleyde Yáconis), que buscava vingança contra toda uma cidade pelo mal feito à sua mãe, segue na gaveta.
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