Clássico do horário das sete, Que Rei Sou Eu? completa 35 anos

Sucesso de Cassiano Gabus Mendes apostou em paródia do Brasil

Edson Celulari como Jean Pierre em Que Rei Sou Eu? (Divulgação / Globo)

Grande sucesso de Cassiano Gabus Mendes, Que Rei Sou Eu? completa 35 anos de sua estreia nesta terça-feira (13).

Edson Celulari, Giulia Gam, Tereza Rachel, Antônio Abujamra, Cláudia Abreu, Tato Gabus, Marieta Severo, Daniel Filho, Stenio Garcia, Ítala Nandi, entre outros, faziam parte da trama.

A produção usou o fictício reino de Avilan para falar sobre as crises política e social que o Brasil enfrentava. O sarcasmo e o bom humor eram a válvula de escape do público ligado no horário das sete.

Caos financeiro

Em 1989, o país vivia a hiperinflação e a desvalorização total da moeda. Em Avilan, não era diferente. Durante a narrativa, foi instaurado um plano econômico no qual a moeda Caduco mudava para Duca. Os zeros foram cortados e os preços congelados. Assim, a novela repetia o que o então presidente José Sarney fez com o Plano Cruzado, em 1986. É claro que tudo deu errado e a inflação explodiu na vida real e na ficção.

Outra medida criada pelo governo Sarney foi a do selo-pedágio, colado no vidro dos carros, caracterizando uma taxa cobrada nas rodovias federais. Em Avilan, o conselheiro do reino Crespy (Carlos Augusto Strazzer) deu a ideia de colar selos nas cabeças dos cavalos que andassem pelas ruas e vielas.

No reino criado por Gabus Mendes tudo dava errado ou não funcionava direito – a guilhotina importada da Alemanha sempre falhava. E, claro, a corrupção rolava solta em Avilan, tudo feito “debaixo dos panos”, sempre superfaturado.

Herói ou candidato?

Na época em que o folhetim foi ao ar, a primeira eleição direta para Presidente da República, após anos de ditadura militar, dominava o noticiário.

Fernando Collor de Mello era um dos favoritos. Muitos acusaram o autor e a Globo de usar o herói Jean Pierre (Edson Celulari) para promover Collor.

O autor sempre negou esse fato, afirmando que Jean era o povo brasileiro, que lutava por justiça e por uma vida melhor para todos.

Collor se vendia como o “caçador de marajás” e moralizador da vida pública. Foi eleito, mas acabou afastado do cargo em 1992, acusado de corrupção.

Merchan na monarquia

Cassiano Gabus Mendes teve que usar a criatividade para que a direção da Globo aceitasse sua ideia. Afinal, como fazer merchandising em uma novela ambientada no século XVII?

Simples: os personagens sonhavam com carros, produtos de limpeza e roupas modernas. Os diretores concordaram e, para nossa sorte, foi ao ar uma novela criativa, ácida e inteligente.

Que Rei Sou Eu? foi reapresentada um mês após o término da exibição original, dentro da faixa Sessão Aventura, às 17h. Em 2012, a produção estreou no Canal Viva. 10 anos depois, o Globoplay disponibilizou a obra para assinantes.

Escrito por Fabio Marckezini

Fabio Marckezini é jornalista e escreve sobre televisão desde 2017. No YouTube, ele resgata a história da televisão por meio de seu canal, o Arquivo Marckezini.

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